A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO COMO CIÊNCIA POLÍTICA: a intenções e as tensões da intencionalidade roubaki
Um importante “desvio” conceitual é estabelecido para os estudos da intencionalidade: Roubakine (1998a, p. 6) chama a atenção que o âmbito psicológico de sua “ciência bibliológica” (ou ciência do livro) não deve investir no conceito de “consciência” – em sua visão, o conceito não designa a totalidade dos fenômenos psíquicos, mas apenas uma categoria superior. Por isto, para Roubakine (1998a) a noção de “experiência” evoca o conjunto macro dos fenômenos psíquicos, seja uma representação, uma emoção, um desejo, contidos no domínio do consciente ou do subconsciente. Para tal, o teórico russo adota a noção de “experiência psíquica” para o grupo de fenômenos que vão além daqueles reconhecidos como emotivos, passando por todos da vida psíquica.
Em uma demarcação sintética, a “bibliopsicologia” procura conhecer os fenômenos psíquicos relativos aos estudos em geral do homem e contribuir para as ciências. Tal ciência aborda cientificamente os processos de leitura, observados analiticamente a partir de experiências, induções, hipóteses e deduções. Reencontramos, pois, neste âmbito, a relação fenomenológico-informacional vislumbrada em Budd (2005) como acima discutido. No entanto, o ponto de partida desta ciência, ou desta abordagem para os estudos da mente em seus processos de produção e de apropriação da informação, tem sua origem claramente distinta da construção do ponto de vista informacional, de fundo mecanicista e neoliberal, dos estudos cognitivos dos anos 1970.
O nascimento desta espécie de teoria do conhecimento tratada como Bibliopsicologia tem seu solo na experimentação da virada do século XIX para o XX, segundo Roubaknie (1998a), nas escolas, nas bibliotecas, nas salas de leitura, nos auditórios de cursos populares, nas redações de revistas, nas livrarias, em cada lieu de conspiration da propaganda revolucionária. Ela está historicamente vinculada, como ciência aplicada, às ações contrárias à opressão do regime absolutista russo, diante do sofrimento, das deportações, das execuções. Está aqui, neste sentido, a profunda significação moral e social da nova ciência. Compreender a intencionalidade é, pois, identificar os potenciais de transformação social – em um sentido epistêmico, de pano de fundo, a intencionalidade como objeto de uma Ciência da Informação estaria, hoje, com foco em um claro e demarcado plano político.
Algumas fontes
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