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FILOSOFIA DA LINGUAGEM E LINGUAGEM ORDINÁRIA: a caminho dos estudos da informação

Os signos de certa maneira são as palavras

Que usamos para nos comunicar. Ao

Falar repomos o mundo em palavras e

Pensamentos, com figuras de linguagem que nem

Percebemos, como as metáforas, as metonímias, as

Elipses, hipérboles e tantas outras. Na canção de

Chico buarque, encontramos a prima; será rima?

Solange puntel mostafa, 2012

A Filosofia da Linguagem pode ser encontrada a partir de um conjunto de “considerações reflexivas sobre a linguagem” (AUROUX, 2009b), ou seja, a identificação dos estratos do pensamento de filósofos ao longo do tempo que trataram a linguagem como objeto. Esta reflexão tem início com os filósofos pré-socráticos e é continuada em Platão e Aristóteles, que começaram a distinguir classes de palavras – inicialmente, nomes e verbos. Temos uma “filosofia da linguagem”, desta maneira, de cada filósofo – a Filosofia da Linguagem de Hegel e a de Heidegger, por exemplo. Discussões teóricas visando explicar a natureza linguística – ou a experiência humana diante/na da linguagem – e também reflexões sobre a construção de sistemas lógicos – uma filosofia analítica da linguagem – também podem ser visualizados como manifestações da Filosofia da Linguagem. No contexto contemporâneo destaca-se uma recusa pela busca por sistemas abstratos da lógica formal no estudo da linguagem, resultando na filosofia da linguagem ordinária. Temos aqui o pensamento de Wittgenstein como marco-filosófico no contexto da longa tradição da Filosofia da Linguagem. (AUROUX, 1998).


As reflexões sobre a linguagem no mundo antigo podem ainda ser encontradas nos estudos sobre a Retórica, a Lógica e a Gramática. A literatura primitiva se apresentará como a fonte original de reflexão sobre a linguagem. O primeiro grande movimento do pensamento a colocar a linguagem como objeto foi a Sofística, tratada no capítulo quinto. Reflexões sobre a Etimologia, Oratória e Fonética se destacam neste momento. Além disso, o sofista Protágoras voltaria seu olhar diretamente para a Gramática como disciplina especializada, distinguindo as classes de proposições, chamadas de interrogativas, assertivas, desiderativas e imperativas, buscando regras para a língua grega, distinguindo, ainda, nome, verbo e outras partículas. (KROLL, 1941).


O percurso da filosofia moderna até o século XIX demarca uma série de estudos que incidirá direta ou indiretamente sobre a linguagem. Aqui podemos enquadrar personagens como Hobbes, Rousseau, Leibniz, Condillac, Port-Royal. No oitocentos, identificamos a viragem para o objeto linguagem, demarcado, por exemplo, pela expansão do pragmatismo e da semiótica, tendo os trabalhos de Charles Peirce e Ferdinand de Saussure papel fundamental. Com Nietzsche, encontramos o posicionamento mais radical desta conversão do olhar filosófico.

No século XX, por sua vez, encontramos um conjunto significativo de abordagens orientadas para a linguagem. Não apenas os antigos saberes linguísticos se especializam e se emancipam, como ganham um discurso preponderante, através de seus métodos e de seus conceitos, em outros ramos. A própria filosofia tende, neste momento, a ser traduzida apenas como uma filosofia da linguagem, como se todo o projeto metafísico de dois milênios caísse por terra no novecentos. Ludwig Wittgenstein, Gilles Deleuze, Jacques Derrrida, Michel Foucault, Jürgen Habermas, Claude Levi-Strauss e Ferdinand de Saussure são exemplos objetivos desta linha de pensamento.


Em seu estudo sobre a Filosofia da Linguagem e a Ciência da Informação, Gracioso (2008, p. 65) lembra que “a filosofia da linguagem coexiste com a Filosofia de modo geral; entretanto, as formas de essa abordar a linguagem foram repensadas ao longo do tempo”. Ou seja, “a filosofia da linguagem é uma categoria aberta que contempla todos os estudos filosóficos que tiverem como objeto a linguagem e o significado”. Em linhas gerais, a Filosofia da Linguagem é elaborada no momento em que redirecionamos nosso olhar sustentado na “filosofia da consciência (na qual se pergunta pelos processos de aferimento do conhecimento) para uma filosofia que considera as condições para a construção de sentido da linguagem antecedentes às condições de possibilidades de construção do conhecimento” (GRACIOSO, 2008, p. 65).


As margens abertas por abordagens individuais sobre a linguagem ganham no Oitocentos e, principalmente, no novecentos, confluências, passando esse objeto, a linguagem, a se apresentar como domínio comum de diferentes domínios do conhecimento, incluindo os estudos informacionais.

Algumas fontes

GONZÁLEZ DE GÓMEZ, Maria Nélida. A Representação do conhecimento e o conhecimento da representação: algumas questões epistemológicas. Ci In., 22, 3, p. 217-222, 1993.

GRACIOSO, Luciana de Souza. Filosofia da linguagem e Ciência da Informação: jogos de linguagem e ação comunicativa no contexto das ações de informação em tecnologias virtuais. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia; Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2008.

GRACIOSO, Luciana de Souza. Justificação e a ação de informação no contexto da pragmática virtual. Liinc em Revista, v.6, n.2, setembro, p. 286- 300, 2010.

GRACIOSO, Luciana de Souza. Justificação e a ação de informação no contexto da pragmática virtual. InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v. 1, n.1, p. 138-158, 2010.

GRACIOSO, Luciana de Souza; Saldanha, Gustavo Silva. Ciência da Informação e Filosofia da Linguagem: da pragmática informacional à web pragmática. Rio de Janeiro: Ed. do autor, 2011.

JACOB, E.K.; ALBRECHTSEN, H. When essence becomes function: Post-structuralist implications for an ecological theory of organisational classification systems. In T.D. Wilson & D.K. Allen. Exploring the contexts of information behaviour: proceedings of the second international conference on research in information needs, seeking and use in different contexts. London: Taylor Graham, 1999. p. 519-534.

WITTGENSTEIN, Ludwig. Tratado Lógico Filosófico; Investigações filosóficas. Tradução M. S. Lourenço. 3 ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

MOSTAFA, Solange Puntel. Filosofando sobre a área de informação. In: Simpósio Brasil-Sul de Informação; assumindo um novo paradigma acervo versus informação. Londrina. Simpósio Brasil-Sul de Informação. Londrina: UEL, 1996. p. 31-45.

SALDANHA, G. S.; GRACIOSO, L. S. Filosofia da linguagem e Ciência da Informação na América Latina: apontamentos sobre pragmática e linguagem ordinária. In: Miguel Ángel Rendón Rojas. (Org.). El problema del lenguaje en la bibliotecología / ciencia de la información / documentación. Un acercamiento filosófico-teórico. 1ed.Cidade do México: UNAM, 2014. p. 1-32.

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