Colóquios de Organização do Conhecimento... Programação completa
Organização do Conhecimento e Gênero:
dimensões epistemológica, aplicada e sociocultural
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15 de maio de 2017, segunda-feira, 9 - 18h
Local: Auditório da Escola de Enfermagem da Unirio Rua Doutor Xavier Sigaud, 290 / 2o andar - Urca - Rio de Janeiro
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Entrada gratuita
Inscrições no local
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Organização: COEPE IBICT
Apoio: PPGCI IBICT UFRJ; PPGB UNIRIO; CNPq; FAPERJ
Colaboração: Escola de Enfermagem - Unirio;
Organizadores: Profa. Dra. Rosali Fernandez de Souza (IBICT); Prof. Dr. Gustavo Silva Saldanha (IBICT - UNIRIO)
Contatos: coloquiosoc@gmail.com ; (21) 3873 9458
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PROGRAMAÇÃO
9:30h Abertura
Lena Vania Ribeiro Pinheiro (IBICT)
Marco Schneider (PPGCI – IBICT UFRJ)
Rosali Fernandez de Souza (IBICT)
Gustavo Silva Saldanha (IBICT-UNIRIO)
10h Conferência 1
Fabio Assis Pinho (UFPE)
Percurso investigativo para contextualização de metáforas em linguagens documentais
11h Conferência 2
Evelyn Dill Orrico (UNIRIO)
A metáfora e a organização do conhecimento: como dialogam?
14-15h Mesa-redonda 1
Organização do Conhecimento & Gênero
Da dimensão epistemológica à dimensão aplicada
15:30 Café
16-17h Mesa-redonda 2
Organização do Conhecimento & Gênero
Da dimensão aplicada à dimensão sócio cultural
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Ementas das conferências e palestras
CONFERÊNCIA 1
Percurso investigativo para contextualização de metáforas em linguagens documentais
Fabio Assis Pinho
PPGCI UFPE
A Organização e a Representação da Informação e do Conhecimento tem se comportado como uma área de pesquisa com resultados satisfatórios materializados em seus processos, produtos e instrumentos. Nesse sentido, alguns desafios têm sido percebidos quando essa área de pesquisa se utiliza de comunidades discursivas como estudo de caso no intuito de testar suas variáveis. Por conta disso, de um lado têm-se comunidades discursivas que se caracterizam por pessoas com objetivos em comum e, de outro lado, processos e produtos da organização e representação da informação e do conhecimento que, por sua vez, são redutores de carga semântica para viabilizar a recuperação da informação. Esse desafio se tornou evidente no âmbito do estudo da representação do conhecimento na temática da homossexualidade masculina. Primeiro porque se notou no percurso investigativo uma alta presença de metáforas por parte dessa comunidade discursiva e, segundo, que essas metáforas reafirmam a identidade dos sujeitos pertencentes a essa comunidade. Dessa maneira, para que essas metáforas façam parte de instrumentos e processos de organização do conhecimento dessa comunidade faz-se necessário sua contextualização e não apenas a restrição da sua carga semântica. A partir desta constatação, iniciou-se um percurso investigativo que contemplou a identificação dos termos a partir da literatura científica, seguido da confirmação das garantias literária e de usuário para que, então, fosse possível aplicar o metafiltro em comparação com as categorias de Ranganthan. Em consequência, foi possível produzir mapas conceituais para compreender e contextualizar as metáforas e, a partir disso, relacioná-las para que sejam inseridas em linguagens documentais. Portanto, verificou-se que a perda da carga semântica não seria satisfatória para compreender a metáfora no âmbito da linguagem documental e, sim, a sua contextualização.
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CONFERÊNCIA 2
A metáfora e a organização do conhecimento: como dialogam?
Evelyn Dill Orrico
PPGMS UNIRIO
A partir do pressuposto de Johnson e Lakoff, de que a organização cognitiva ocorre por via metafórica, procurou-se compreender como tal organização representaria o conhecimento. Assim, com base nas categorias fundamentais de Ranganathan, as produções discursivas de um grupo de pesquisa que congrega pesquisadores iniciantes e experientes foram analisadas, no intuito de depreender as metáforas utilizadas para representar seu objeto de pesquisa e seu campo de conhecimento. Pela análise, percebeu-se a metáfora ontológica da área, quer dizer, aquela que norteia todas as representações do campo, e foi possível propor a construção de um meta-filtro, de modo que fosse possível conseguir maior precisão da recuperação de informações inseridas em uma enorme base de dados como a internet.
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14-15h Mesa-redonda 1
Organização do Conhecimento & Gênero
Da dimensão epistemológica à dimensão aplicada
Sobre o que falamos quando falamos em gênero na Ciência da Informação?
Mell Siciliano, Cleiton Mota, Clara Meth
PPGCI IBICT UFRJ
RESUMO
Atualmente diversos campos científicos realizam pesquisas sobre o domínio “gênero”. Esse estudo investiga sob quais perspectivas o domínio é abordado pela Ciência da Informação, buscando identificar como o campo se apropria e/ou contribui para os estudos sobre “gênero”. O estudo adota a noção de Joan W. Scott, abordando gênero como um termo representativo, relacionado aos papéis sociais e expectativas de comportamento atribuídos às pessoas em função do sexo. O método foi baseado na análise bibliográfica, tendo como universo a produção do conhecimento em Ciência da Informação. A amostra foi retirada de uma base de dados representativa do campo e o corpus foi constituído a partir da coleta e da análise dos descritores de 588 artigos indexados na Library and Information Science Abstracts (LISA), entre o período de 1980 e 2016. Considerando o grande volume de dados, foi gerada uma nuvem de tags para a visualização dos termos mais adotados por década, dinamizando as estratégias de reconhecimento do cenário investigado. Os resultados indicam que o domínio “gênero” foi abordado no campo sob diferentes perspectivas ao longo da linha temporal, com ocorrência superior em questões relacionadas aos estudos sobre mulheres e diferenças de gênero. Além disso, observa-se que o domínio “gênero” é tratado pela Ciência da Informação principalmente dentro de subáreas tradicionais de sua epistemologia, como Recuperação da Informação e Comunicação Científica. O resultado ainda permite inferir que a pesquisa sobre “gênero” no campo está em significativa expansão, tendo em vista o aumento exponencial no número de artigos publicados desde os anos 1980, passando no período de 4 (quatro) para 277 (duzentos e setenta e sete) registros na década em curso (2010 – 2016). No contexto da intepretação dos dados, o estudo sugere que os motivos do crescimento estão relacionados, dentre outros fatores, ao avanço de políticas públicas ao redor do mundo que contribuíram para a reflexão das disparidades de gênero e fomentaram as discussões em torno do dos problemas sociopolíticos inerentes. Ressalta-se que o panorama resultante do estudo abre novas possibilidades de pesquisas e análises sobre como os estudos informacionais abordam o domínio “gênero”.
Palavras-chave: Gênero. Ciência da Informação. Estado de Conhecimento. Recuperação da Informação. Comunicação Científica.
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A representação da mulher em linguagens documentárias: aspectos machistas na organização do conhecimento
Brisa Pozzi de Sousa; Vinicius de Souza Tolentino
PPGCI IBICT UFRJ
PPGCI UFMG
A pesquisa parte do pressuposto da relevância sociopolítica do debate sobre a mulher no âmbito da Organização do Conhecimento, envolvendo tanto o aspecto temático quanto o descritivo. O objetivo do estudo, desse modo, é compreender as dinâmicas de representação do gênero feminino nos processos de delimitação, extirpação das possibilidades de sentidos e direcionamentos regras e descritores em linguagens documentárias. Como suporte para análise e discussão, o estudo se baseou em um referencial teórico que discutiu as relações entre organização do conhecimento e o gênero feminino. O método consistiu na análise de três diferentes instrumentos, a saber, o Tesauro para Estudos de Gênero e Sobre Mulheres (TEG), o Tesauro Jurídico do Superior Tribunal de Justiça (TJ STJ) e o Anglo American Cataloguing Rules, 2ª edição (AACR2r). A operacionalização do método identificou e selecionou os descritores (nos tesauros) e as regras (no AACR2r) que abarcavam as questões sociopolíticas do domínio “gênero feminino”. Como resultados da análise, foram identificados distintos modos de representação da mulher, principalmente aqueles carregados de intersubjetividades advindas do machismo. No contexto da intepretação dos dados, a pesquisa atenta para os riscos da desvinculação da construção de linguagens documentárias das problemáticas sociopolíticas e culturais relativas à questão da mulher na sociedade, apontando para a necessária rediscussão e revisão dos instrumentos atualmente adotados.
Palavras-chave: Organização do Conhecimento – Gênero. Linguagens documentárias – Análise. Tesauro – Descritor Mulher. Regras de Catalogação – Mulher.
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A transexualidade na literatura científica das Ciências da Saúde.
Débora Gomes Salles; Jéssica Gonçalves; Luciana Danielli
PPGCI IBICT UFRJ
Resumo
O trabalho discute a visibilidade dos estudos científicos sobre transexualidade no campo da Saúde. A análise de domínio, proposta por Birger Hjorland e Hanne Albrechtsen, foi adotada, como abordagem teórico-metodológica, para o reconhecimento do grupo social transgênero como uma comunidade discursiva. O estudo questiona, portanto, de que forma a transexualidade é abordada no campo na atualidade, tendo como margem temporal o período 2014-2016. A coleta de dados foi realizada na base LILACS, gerenciada pelo Centro Latino-Americano de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), a partir dos dados descritivos (centrando-se no título dos artigos), tendo como limitador do levantamento o(s) termo(s) “transexual(is)”. Foram recuperados 22 (vinte e dois) documentos no período. A partir destes, foram identificados para análise os seguintes metadados, autor, título, método e população de estudo utilizados, descritor, ano de publicação, sendo consideradas para o estudo, como centrais, os elementos “método” e “temacidade” (retirada a partir dos descritores). Após a análise do corpus, constatou-se que os métodos adotados para abordar o tema são: estudos de narrativa; revisões de análises quali e quantitativas, estudos observacionais, revisões teóricas; análises de conteúdo, estudos comparativos, análises de discurso, revisões sistemáticas, entre outras citadas ao longo deste estudo. As principais ocorrências temáticas identificadas a partir dos descritores foram: pessoas, readequação, gênero, identidade, hormônios e saúde. Dentro dos limites da extensão e horizontalidade dos dados, depreende-se dos resultados que as Ciências da Saúde na América Latina e Caribe ainda estudam a transexualidade com foco na patologização dos indivíduos, principalmente a partir das representações manifestadas pelas noções “readequação” e “hormônios”. Foram frequentes também estudos relacionados às políticas públicas de acesso à saúde, o que identifica potenciais avanços na discussão dos temas relacionados ao domínio gênero e seus desdobramentos sociopolíticos e culturais.
Palavras-chave: Ciências da Saúde. Análise de domínio. Gênero. Transexualidade. Produção científica.
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16-17h Mesa-redonda 2
Organização do Conhecimento & Gênero
Da dimensão aplicada à dimensão sócio cultural
A representação do domínio “gênero” no âmbito das linguagens documentárias: um mapeamento conceitual de instrumentos terminológicos
Tatiana de Almeida; Ana Rosa Pais Ribeiro; Beatriz Boselli Decourt
PPGCI IBICT UFRJ
Resumo
A pesquisa tem como foco principal os estudos do domínio “gênero” com um recorte de análise em instrumentos de organização e representação da informação. Investiga conceitos e abordagens inerentes ao domínio em três Sistemas de Organização do Conhecimento (SOC) distintos e já consolidados em suas áreas de aplicação: o Tesauro para Estudos de Gênero e sobre Mulheres (TEG), os Descritores em Ciências da Saúde (DECs) e a Classificação Decimal Universal (CDU). Utiliza o método de indução para a análise dos SOCs, que parte de conceitos pré-determinados para realizar a verificação, visando uma análise quanti e qualitativa dos Sistemas. Como resultados o estudo observa mudanças e ressignificações em conceitos do domínio gênero, a partir da análise dos instrumentos. Conforme a literatura em Organização do Conhecimento tem historicamente demonstrado, o estudo atesta o modo como as condições sociopolíticas e culturais interferem nas representações documentárias.
Palavras-chave: Organização do Conhecimento. Gênero. Tesauro para Estudos de Gênero e sobre mulheres (TEG). Descritores em Ciência da Saúde (DECs). Classificação Decimal Universal (CDU).
Visibilidade social de pessoas transgênero e sistemas de organização do conhecimento
Marcia Quintslr; Bianca Lopes; Fernanda do Valle; Michelle Louise Guimarães
PPGCI IBICT UFRJ
RESUMO
O presente estudo aborda o domínio gênero na Organização do Conhecimento segundo um viés analítico sociopolítico, no intuito de investigar os usos sociais da linguagem nesse domínio, particularmente, no âmbito da população transgênero brasileira. Objetiva-se verificar a existência, ou sua viabilidade, de uma linguagem capaz de expressar a realidade específica dessa população, efetivamente. A escolha do tema se justifica perante a perspectiva científica atual sobre gênero, sobretudo, acerca dos grupos transgênero e transexual, de ordem binária ou não-binária de gênero, conduzindo à questão da cisnormatividade como padrão social de comportamento. Soma-se, ainda, o embate entre resistência e opressão a esses grupos, legitimadas mediante os usos da linguagem e os Sistemas de Organização do Conhecimento. Parte-se de revisão bibliográfica especializada do domínio de estudos de gênero e da Organização do Conhecimento, combinada a referenciais teóricos da sociologia. Em seguida, duas frentes de análise documental são empreendidas: a primeira, no horizonte das linguagens e classificações recorrentes nas áreas de saúde e estatísticas públicas, dominadas pelo padrão sexual binário. A segunda, a partir do caso específico do Colégio Pedro II ao afirmar o reconhecimento da diversidade de gênero, averiguando-se as repercussões dessa ação em uma rede social. Nessa direção, criticam-se linguagens e vocabulários de resistência em cuja adoção verificaram-se limitações e dificuldades. Os resultados apontam para a ausência de um lugar de fala reconhecido pelos grupos mencionados, restando à Organização do Conhecimento o desafio de compreender os limites classificatórios e, simultaneamente, aportar uma produção contínua e emancipatória de significados ao domínio gênero.
Palavras-chave: Organização do Conhecimento. Linguagem. Pessoas transgênero. Visibilidade.