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O caminho do esquema nos estudos informacionais

No que diz respeito estritamente ao esquema no plano do estudos informacionais, falta-nos ainda um conjunto de diálogos teóricos e de aprofundamentos ao conceito em questão (bem como em suas dimensões distintas de apropriação e repercussão, como o caso de sua manifestação em tesauros, esquemas classificatórios em geral, etc).

O diálogo com nomes oriundos da Antropologia e aqueles que, em certa medida, fundamentam o pensamento esquemático dos bibliólogos da geração de 1968, como Jung e Piaget, tendem a ampliar quanti e qualitativamente o discurso “arqueológico” sobre o conceito e seus fragmentos dentro da epistemologia da Ciência da Informação.

Precisamente na questão conceitual, faz-se necessário o debate com o conceito de “forma”, também elementar para a construção do conceito de “esquema”. Outra opção é a demarcação de Gabriel Peignot e a explicitação de uma “ciência geral” em seu Dictionnaire como uma estaca para o início da “arqueologia filosófica”. A obra é, neste sentido, a “terra” da geoconceitualidade que buscamos descrever. Especificamente neste “solo”, uma pauta central de análise não pode ser desenvolvida aqui: o estudo do conceito de table ou tablete, tomado por Peignot (1802b) como um verbete singular de sua obra. Aqui, podemos encontrar desde a significação que responde pela “matéria” e pelo “suporte” àquela que atenta para a “forma” do conteúdo e sua disposição dos elementos. É reconhecido, porém, que este fragmento e tantos outros podem (e devem) ser recuperados em extensões entre hipocentro e hipercentros conceituais mais extremas: por exemplo, buscar em Alexandria os usos sinópticos, tanto intelectuais quanto imagéticos, para compreender tal “ancestralidade”, ou simplesmente, a arkhé da “cosmologia simbólica” do “esquema”.

Mais especificamente, a racionalidade simbólica provavelmente estaria, dentro do Helenismo, na apropriação do método e do pensamento bibliológico aristotélico: a aplicação de sua Retórica e de sua Poética, junto de suas práticas de categorização no mundo das práticas bibliológicas realizadas pela visão do estagirita, lançadas ao contexto da Biblioteca de Alexandria definiria, conforme as palavras de Christian Jacob (2008, p. 51), “uma nova relação de tempo e espaço”, a qual consideramos aqui estritamente simbólica (um simbolismo que perpassa e define todos os mecanismos de apreensão da realidade).

É em uma peça específica, certamente, onde poderíamos encontrar a grande força hipocêntrica para uma das mais profundas incursões filosófico-arqueológicas: as tábuas do poeta e bibliotecário Calímaco compostas de 120 rolos que revelavam a passagem classificação topográfica para um princípio convencional de representação descritiva, ou catalogação – o dado princípio nada mais é do que a busca pelo universal (kathólou – universal, geral).

Eis provavelmente, no Pinakes, o delírio simbólico da totalidade na síntese, abstrata e ao mesmo tempo impregnada como uma obra de arte em um continente seguro.

Algumas fontes

ESTIVALS, Robert. Theorie lexicale de la schematisation. Schéma et schématisation: revue de schématologie et de bibliologie, n. 52, p. 5-72, 2000.

OTLET, P. Letter from Paul Otlet, 24 march 1895. In: VANN, S.K. Melvil Dewey: his enduring presence in Librarianship. Littleton (Colorado): Libraries Unlimited, 1978a. p. 189.

PEIGNOT, G. Dictionnaire raisonné de bibliologie, tomo I. Paris: Chez Villier, 1802a.

SALDANHA, G. S.. O esquema e as formas simbólicas: uma 'arqueologia filosófica' do esquema no pensamento bibliológico. Tempo Brasileiro, v. 203, p. 79-102, 2015.

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