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Epistemologia crítica: da tentativa de invenção a-social de uma Library and Information Science

As transformações no ensino da Biblioteconomia no Brasil ganharam uma influência cada vez mais intensiva do pensamento anglo-americano após os anos 1960. A partir dali, multiplica-se o afastamento de uma crítica social então crescente, via um liberalismo humanista, que possuía Jesse Shera (1977) e seu conceito de epistemologia social, estabelecido junto de Margaret Egan nos anos 1950, como uma das forças refratárias a um tecnicismo acrítico.

As transformações do pensamento biblioteconômico nesse contexto, principalmente a partir do discurso estadunidense, são demarcadas por um foco mecanicista claro.

Nesse cenário, não apenas Shera é “apagado” (pelo menos, o ponto de vista social de sua crítica epistemológica), junto da produção histórica das pesquisas de fundo social do pensamento biblioteconômico da Escola de Chicago, como também possíveis outras fontes capazes de aprofundar o discurso sobre os dilemas sociais e as opressões, como é o caso de uma teoria do meio social desenvolvida no início do século XX, voltada para a reflexão de bibliotecários e leitores a partir do pensamento russo, com Nicolas Roubakine (1998a,b).

O resultado dessa movimentação tratada por Day (2005) como estruturada em uma irônica metáfora do canal (ou seja, o mecanicismo de uma teoria matemática da comunicação), é a marca de um pensamento neoliberal no contexto de formação de uma pretensa episteme distinta para os estudos informacionais.

O impacto desse movimento anglo-americano e sua influência internacional imediata, dada a hegemonia econômica dos Estados Unidos no contexto, é tratado por Solange Mostafa (1985) a partir de duas categorias, a saber: o liberalismo cientificista e o liberalismo profissional.

Algumas fontes

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