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Pensamento ameríndio, Biblioteconomia e Ciência da Informação

Por Vinícios Menezes


O pensamento indígena atravessa radicalmente os diálogos contemporâneos da Biblioteconomia e da Ciência da Informação (BCI). Sob a fala dos saberes tradicionais e das expressões da Biblioteconomia Indígena (Indigenous Librarianship), da Organização do Conhecimento Indígena (Indigenous Knowledge Organization) e da Filosofia Informe da Informação, o Grupo de Pesquisa Saberes e Fazeres em Informação e Conhecimento (GEINFO), do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia apresenta os diálogos contemporâneos.



Nesta edição estará em cena as possibilidades dialógicas da Biblioteconomia e da Ciência da Informação com o pensamento indígena das Américas. Tradicionalmente, o conceito de informação notabilizou-se pelo seu poder ontológico e excludente de atribuição das formas das coisas do mundo. Informar, ou, dar a forma a algo foi o ato ocidental de modelar os corpos bárbaros e estrangeiros às disposições civilizadas de suas almas. Informacionalmente invisibilizados pelos processos coloniais de estabelecimento do ser, do saber e do poder, os povos originários de Abya Yala (América) foram classificados como seres informes (informis) e expropriados dos seus modos coletivos de autodeterminação e produção dos sentidos de seus próprios sentidos.


Com as transformações contemporâneas provocadas pelo giro ontológico (ontological turn) do pensamento selvagem, diversos campos das ciências humanas e sociais passaram a imaginar conceitualmente seus objetos de pesquisa com “gente dentro”, como manifestado por Tim Ingold. Fora da objetificação ocidental – “conhecer é dessubjetivar” –, a multiplicidade dos mundos ameríndios transforma nossos modos esfumaçados de enxergar e reduzir tudo a um único mundo. Entrever os objetos a partir da perspectiva de suas humanidades é um pressuposto da interpretação ameríndia. Deste modo, gravitada pelos olhos transformados do pensamento ameríndio, esta edição dos Diálogos contemporâneos busca nas desconstruções do passado e suas ruínas, a vivacidade de um amanhã que veio ontem. Reencontrar a “gente dentro” dos objetos informacionais, documentais e bibliográficos é a encruzilhada deste encontro. Germinar diferenças na Biblioteconomia e na Ciência da Informação através do ponto de vista ameríndio é a tarefa que nos ocupa. Tornar os classificados classificadores é a torção contemporânea desses diálogos.


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