top of page

Trilhas do simbólico no pensamento informacional...

Ronald Day (2005) menciona em dois momentos o discurso sobre o simbólico – ao tratar de questões como “economia simbólica” e da “construção simbólica do espaço-tempo”. No entanto, as indicações de Jesse Shera e Paul Otlet escondem em sua condição um panorama fundamental para se pensar o simbolismo – e, no caso da proposta dayana, a própria questão dos significados do “pós-estruturalismo” nos estudos informacionais.

A partir de uma epistemologia histórica (cruzamento de dois projetos de pesquisa, distintos, porém interrelacionados, a saber, “Trilhar o trivium: a filosofia da Ciência da Informação na tradição filosófica da linguagem” e “Epistemologia histórica do pensamento biblioteconômico-informacional: linguagem, instituições, artefatos e intersubjetividades”), lançamos o desafio de uma reflexão filosófica sobre as possibilidades de interpretação do que abordamos como um devir simbólico da CI, ou seja, o destino remoto e contemporâneo do campo articulado pelas questões simbólicas, em geral resultantes, hoje, de categorizações como “pós-estruturalismo”.

Especificamente, encontramos nos estudos retóricos, de fundo sofístico e de natureza sistemática aristotélica, os elementos semânticos dos conceitos reunidos sobre a expressão pós-estruturalista. Nos estuos informacionais, o pensamento de Rafael Capurro anteviu, em suas revisões filológicas dos anos 1980 até 2015, tais condicionantes, voltando à Aristóteles a partir de Heidegger e Gadamer.

Martino (2007), na apresentação do “Tratado de Simbólica” de Mário Ferreira dos Santos, lembra que Aristóteles anteviu o problema do simbolismo tanto no “Organon” quanto em sua Retórica (neste caso, adicionamos a “Poética” como outra obra central do Estagirita nesta concepção). Na visão de Martino , desde o Organon, está claro que a “representação do ser localiza-se em outra esfera que não a da própria realidade” (MARTINO, 2007, p. 27).

Este percurso nos leva à compreensão de um arquidevir simbólico dos estudos informacionais, perpassando a discussão de Capurro sobre a Retórica e procurando correlaciona-la com um discurso filosófico que procurou sistematizar toda a construção simbólica do homem, ou seja, o pensamento de Ernst Cassirer.

Algumas fontes

ARISTÓTELES. Órganon: Categorias, Da interpretação, Analíticos anteriores, Analíticos posteriores, Tópicos, Refutações sofísticas. Bauru (SP): EDIPRO, 2010.

BUCKLAND, M. K. Information as thing. Journal of the American Society of Information Science, v. 42, n. 5, p. 351-360, jun. 1991.

CAPURRO, Rafael. Translating Information. In: ISIS SUMMIT VIENNA 2015. 4. 2015. Viena: Universidade de Viena, 2015. Disponível em: < http://sciforum.net/conference/isis-summit-vienna-2015/paper/2972>. Acesso em: 10 jul. 2015.

CAPURRO, R. What is Information Science for? a philosophical reflection In: VAKKARI, P.; CRONIN, B. (Ed.). Conceptions of Library and Information Science; historical, empirical and theoretical perspectives. In: INTERNATIONAL CONFERENCE FOR THE CELEBRATION OF 20TH ANNIVERSARY OF THE DEPARTMENT OF INFORMATION STUDIES, UNIVERSITY OF TAMPERE, FINLAND.1991. Proceedings... London, Los Angeles: TaylorGraham,1992. p. 82-96.

CASSIRER, Ernst. A filosofia das formas simbólicas; Terceira parte: Fenomenologia do conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

CASSIRER, Ernst. Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

CASSIRER, Ernst. A filosofia das formas simbólicas; Segunda Parte: O pensamento mítico. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

CASSIRER, Ernst. A filosofia das formas simbólicas; Primeira parte: A linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

DAY, R. Poststructuralism and information studies. Annual review of information scicence and technology (ARIST), v. 39, p. 575-609, 2005.

ESTIVALS, Robert. Theorie lexicale de la schematisation. Schéma et schématisation: revue de schématologie et de bibliologie, n. 52, p. 5-72, 2000.

ESTIVALS, Robert. Le schématisme. Noyers-sur-serein (França): Société de Schématologie et de Bibliologie, 2002.

ECO, Umberto. Semiótica e filosofia da linguagem. Lisboa: Instituto Piaget, 1984.

GONZÁLEZ DE GÓMEZ, M.N. Informação como instância de integração de conhecimentos, meios e linguagens: questões epistemológicas, consequências políticas. GONZÁLEZ DE GÓMEZ, M. N.; ORRICO, E. G. D. (Orgs). Políticas de memória e informação: reflexos na organização do conhecimento. Natal: EdUFRN, 2006. p. 29-84.

FROHMANN, Bernd. The power of images: a discourse of images: a discourse analysis of cognitive viewpoint. Journal of Documentation, v. 48, n. 4, p. 365-386, 1992

OTLET, Paul. Traité de documenatation: le livre sur le livre: théorie et pratique. Bruxelas: Editiones Mundaneum, 1934.

PEIGNOT, G. Dictionnaire raisonné de bibliologie, tomo I. Paris: Chez Villier, 1802a.

PEIGNOT, G. Dictionnaire raisonné de bibliologie, tomo II. Paris: Chez Villier, 1802b.

RENDÓN ROJAS, M. A. Un Análisis filosófico de la Bibliotecología. Investigación Bibliotecológica, v. 10, n. 20, p. 9-15, jan./jun. 1996.

SALDANHA, Gustavo S. Epistemologia da Ciência da Informação e o arquidevir simbólico: das notas cassirerianas à constituição simbólica dos estudos informacionais. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Pós-Graduação em Ciência da Informação (XVI ENANCIB 2015), 2015, João Pessoa. Encontro Nacional de Pesquisa em Pós-Graduação em Ciência da Informação (XVI ENANCIB 2015). João Pessoa: UFPB, 2015. v. 1. p. 0-20.

SANTOS, Mário Ferreira dos. Tratado de simbólica. São Paulo: É Realizações, 2007.

SHERA, Jesse. Epistemologia social, semântica geral e Biblioteconomia. Ci. Inf., Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977.

SHERA, Jesse. Toward a theory of librarianship and information science. Ci Inf., v. 2, n. 2, p. 87-97, 1973.

TODOROV, Tzvetan. Simbolismo e interpretação. São Paulo: Editora UNESP, 2014.

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
Siga
bottom of page