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Hashtags e militância social

Cenários nos estudos em Biblioteconomia e Ciência da Informação...

A web 2.0 é considerada a segunda geração da internet e teve seu termo criado por Tim O’Reily. Entre as características associadas à Web 2.0, destaca-se que esta permite que as interfaces virtuais possam ter interação, produção de conteúdos e compartilhamento desses conteúdos informacionais online que são organizados, armazenados e recuperados utilizando-se de tags.

Por sua vez, as tags “são palavras-chave associadas a um determinado recurso de informação” (ROCHA; MORENO, 2012, p. 2). A utilização das tags no ambiente de mídias sociais se dá a partir do estabelecimento de fluxos informacionais determinando o assunto, termo ou fonte que mais interessa a um determinado conjunto de sujeitos. Moura e Mandaji (2014, p. 6) enfatizam:

"Na folksonomia, o indivíduo, que nesse caso é tanto o emissor quanto o receptor, se transforma naquele que classifica, decidindo quais e quantas tags deseja distribuir sobre qualquer assunto, estando irrestrito a qualquer diretriz. As tags permitem ao usuário visualizar suas próprias marcações e compartilhá-las, além de visualizar as marcações feitas por outros usuários e acessar informações relacionadas a essas tags na rede."

Diante disto, podemos dizer que as tags são uma forma de organizar o conhecimento em determinados espaços virtuais, uma vez que essa organização acontece através de uma linguagem popular. Esta linguagem, de forma alguma pode ser entendida como neutra, ainda que usuárias e usuários contraponham suas opiniões sobre determinado assunto, uma vez que etiquetam sua publicação, imediatamente a indexam na web de maneira arbitrária.

As hashtags começaram a ser divulgadas no Twitter em 2007. A “ferramenta que possibilita o agrupamento de postagens por tópicos, articulando determinadas palavras, frases ou expressões precedidas pelo símbolo sustenido “#”, chamado “hashtag” começou a ser utilizada no sistema de indexação do Twitter chamado trending topics, em 2008. (MOURA; MANDAJI, 2014, p. 6).

A partir de então, seu uso se popularizou também em outras mídias como Facebook, Instagram, entre outras.Enquanto conceito articulado à Folksonomia, as hashtags são conceituadas por Moura e Mandaji (2014, p. 6-7) como aquelas que “classificam, agrupam e direcionam as informações contidas na web sobre os mais variados temas e assuntos, possibilitando maior participação e cooperação dos usuários, através da utilização de palavras-chave para organização”.Nesse sentido, as hashtags têm servido para aprimorar, desenvolver e possibilitar a organização dos conteúdos e sujeitos nas mídias sociais. Este tipo de indexação permitiu


a formação de grupos por meio do compartilhamento de ideias, onde as hashtags são utilizadas não somente para definir e delimitar o conteúdo das informações, como também para exteriorizar ideais, sentimentos, preferências, indignações e posicionamentos variados dos indivíduos que compõem o ciberespaço (MOURA; MANDAJI, 2014, p. 7).

O uso das hashtags como instrumento para a militância nas mídias sociais já são contemplados dentro da Ciência da Informação e Biblioteconomia no Brasil por alguns autores e autoras. Encontramos na Base de Dados Referencial de Artigos e Periódicos em Ciência da Informação - BRAPCI, principal base de dados sobre a área no país diversos artigos que abordam a temática. Utilizamos os termos Folksonomia e assédio como palavra-chave e foram recuperados 34 artigos, dos quais destacamos como mais relevantes os que estão associados ao uso da folksonomia como militância nas mídias sociais.

Dentre eles, destacamos: “#IMPEACHMENT OU #NAOVAITERGOLPE: Uma análise sobre a folksonomia na indexação de imagens fotográficas em redes sociais da web 2.0” de Nóbrega e Manini (2016); “Folksonomia e tags afetivas: comunicação e comportamento informacional no Twitter”, de Pereira e Cruz (2010); “Feminismo 2.0: a mobilização das mulheres no Brasil contra o assédio sexual através das mídias sociais (#PRIMEIROASSEDIO)”, de Almeida, Terra e Santini (2016); “Participation in Brazilian Feminist Movements on social networks: a study on the campaign Meu Amigo Secreto (My Secret Santa)”, de Moraes, Boldrin e Silva (2017); e, “Linguagem Natural no Twitter e Linguagem Documentária em Tesauros: da hashtag #NãoMereçoSerEstuprada ao descritor estupro”, de Sousa e Silva (2015).

Referência

ROMEIRO, Nathália; SILVA, Franciéle Carneiro Garcês da. A folksonomia das hashtags como instrumentos de militância contra o assédio sexual no Facebook: avaliação da hashtag #mexeucomumamexeucomtodas. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, online first, 2018.

Outras fontes

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