top of page

O império do conceito

Sobre o método analítico conceitual...

um modo de metarreconhecimento na Organização do Conhecimento

A importância das definições para melhor elaboração de instrumentos metodológicos já é fato sabido e estudado nos horizontes da Ciência da Informação, mais especificamente no escopo da Organização do Conhecimento (OC). Uma definição bem elaborada, além de esclarecer questões conceituais, soluciona problemas relacionados à polissemia da língua, ponto bastante preocupante quando lidamos com representação de conteúdos informacionais (DAHLBERG, 1983; CAMPOS, 2001).

Os problemas referentes às estruturas definitórias têm sido objetos de estudos diversos na língua geral, com problemas levantados por linguistas e lexicógrafos. Já no âmbito das línguas especializadas, nos últimos 40 anos, eles começaram a ser objeto de estudos sistemáticos. Identificar questões em relação ás definições e suas características em um dado domínio, no caso a OC, nos parece uma atividade bastante apropriada tendo em vista os objetivos desta pesquisa.

Na visão de Dahlberg o conceito é o insumo básico para tarefa de organização do conhecimento, o conceito como apresentação de uma síntese de ideias pode abranger vários descritores, ou palavras representativas de um dado domínio. O conceito deve ser analisado de forma crítica, deve ser pensado em sua importância e implicações, pois encerra em si conhecimentos de acordo com o contexto em que está inserido. Por isso, deve exprimir de forma clara o sentido que possui no contexto da representação, isso implica compreender que, nem sempre esse significado estará pronto em um glossário ou dicionário especializado. Portanto, poderá ser construído segundo as características específicas, de acordo com o domínio a que pertence.

Para Dahlberg qualquer tarefa de organizar o conhecimento deve ter como base as unidades do conhecimento, que nada mais são do que os conceitos, ou seja, “uma unidade de conhecimento (conceito) é a síntese das características essenciais de um referente a ser representado por designações (termos, nomes, códigos). (DAHLBERG, 2011, p. 69)”.

Dahlberg ainda adverte que conceito tem sido entendido como “o significado de uma palavra” e tratado dessa forma na literatura da área, este é o sentido linguístico. Contudo, para os interesses da OC, importa a concepção de representação de uma dada realidade demonstrada pelo conceito (DAHLBERG, 2011, p. 69).

A autora defende que “o conhecimento por si só não pode ser apreendido ou representado a menos que seja apresentado por unidades do conhecimento e suas possíveis combinações em palavras/termos ou afirmações” (DAHLBERG, 1993, p. 211).

O mesmo peso de importância e atenção que damos no momento da construção de uma definição, também deve ser levado em conta quando necessitamos analisar definições, com vistas a entender um coletivo acadêmico ou científico (como uma área, campo ou domínio), como ele se estrutura ou pesquisar novos conhecimentos a partir de conceitos pré-existentes. Dessa forma, se torna indispensável que as análises sejam focada em métodos consistentes para que verificações científicas possam ser realizadas.

De acordo com Campos (2001, p. 103), o modelo de análise conceitual proposto por Dahlberg é constituído pelo referente, suas características e a forma verbal pela qual é expresso. Cada afirmação correta sobre o referente é um elemento de conhecimento sobre ele e o total de afirmações corretas sobre o referente forma a unidade de conhecimento, ou seja, o conceito.

REFERÊNCIA

ALMEIDA, T.; SALDANHA, G. S. Entre a abordagem analítica e os loci epistêmicos: um debate metametodológico para a organização do conhecimento In: Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 2017, Marília. Anais do XVIII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação. Marília: PPGCI UNESP, 2017. p.1 - 20.

Outras fontes

BARITÉ, Mario et al. Garantia literária: elementos para uma revisão crítica após um século. Transinformação, Campinas, v. 22, n. 2, 2010.

BARTHES, Roland. A aventura semiológica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CAFÉ, Lígia Maria Arruda; BRATFISCH, Aline. Classificação analítico-sintética: reflexões teóricas e aplicações.Transinformação, Campinas, v. 19, n. 3, 2007.

CAMPOS, Maria Luiza de Almeida. Linguagem documentária: teorias que fundamentam sua elaboração. Niterói: EdUFF, 2001.

CAPURRO, R. What is Information Science for? a philosophical reflection In: VAKKARI, P.; CRONIN, B. (Ed.). Conceptions of Library and Information Science; historical, empirical and theoretical perspectives. In: International conference for the celebration of 20th anniversary of the department of information studies, University of Tampere, Finland.1991. Proceedings... London, Los Angeles: TaylorGraham,1992. p. 82-96.

CAVALCANTE, Raphael da Silva; BRÄSCHER, Marisa. Taxonomias navegacionais em sítios de comércio eletrônico: critérios para avaliação. Transinformação, Campinas, v. 26, n. 2, 2014.

DAHLBERG, I. Conceptual definitions for interconcept. International Classification, v. 8, n. 1, p. 16-22, 1981.

_____. Knowledge Organization: a new Science? Knowledge Organization.v. 33, n.1, p.11-19, 2006.

_____. Knowledge organization: its scope and possibilities. Knowledge Organization, v. 20, n. 4. p.211-222, 1993.

_____ I. A Referent-oriented analytical concept theory of interconcept. International Classification, Frankfurt, v.5, n.3, p.142-150, 1978.

_____. Terminological definitions: characteristics and demands. In: Problèmes de la définition et de la synonymie en terminologie. Québec, GIRSTERM, 1983. p. 13-51.

ECO, Umberto. Semiótica e Filosofia da Linguagem. Lisboa: Instistuto Piaget, 2001.

Folksonomia: esquema de representação do conhecimento? Mariana Brandt; Marisa Brascher; Basílio Medeiros.Transinformação, Campinas, v. 22, n. 2, 2010.

FOUCAULT, M. As Palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

FREITAS, Juliana Lazzarotto; NASCIMENTO, Bruna Silva do; BUFREM, Leilah Santiago. A organização do conhecimento na dinâmica da pesquisa em artigos da literatura científica da Brapci. Transinformação, Campinas, v. 26, n.3, 2014.

FUJITA, Mariângela S. L. Organização e representação do conhecimento no Brasil: análise de aspectos conceituais e da produção científica do Enancib no período de 2005 a 2007. Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v. 1, n. 1, p. 1-32, 2008. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/v/a/7781>. Acesso em: 28 fev. 2017.

FUJITA, Mariângela Spotti Lopes; SANTOS, Luciana Beatriz Piovezan dos. Política de indexação em bibliotecas universitárias: estudo diagnóstico e analítico com pesquisa participante. Transinformação, Campinas, v. 28, n. 1,2016

GARCÍA GUTIÉRREZ, Antonio. Epistemología de la Documentación. Barcelona: Stonberg Editorial, 2011.

GARCÍA GUTIÉRREZ , Antonio. Cientificamente favelados: uma visão crítica do conhecimento a partir da epistemografia. Transinformação, Campinas, v. 18, n. 2, 2006.

HJORLAND, B. What is Knowledge Organization (KO)? Knowledge Organization, v.35, n. 2-3, p. 86-101, 2008.

KOBASHI, Nair Yumiko; SANTOS, Raimundo Nonato Macedo dos. Institucionalização da pesquisa científica no Brasil:cartografia temática e de redes sociaispor meio de técnicas bibliométricas. Transinformação, Campinas, v. 18, n. 1, 2006.

NIETZSCHE, F. Da retórica. 2..ed. Lisboa: Vega, 1999.

TESSER, Gelson João. Principais linhas epistemológicas contemporâneas. Revista Educar, Curitiba, n. 10, dez.1994, p. 91-98. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40601994000100012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 mar. 2017.

Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Procurar por tags
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
Siga
bottom of page