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A visibilidade em mão dupla

A própria infra-estrutura parece funcionar como um importante fator de regulagem e de formação de um discurso que serve a um regime de informação e de certa forma regula e controla os sujeitos em todos os níveis de sua experiência social. (ÁLVARES JUNIOR; GONZÁLEZ DE GÓMEZ; SOUZA, 2008)

Como a visibilidade se encaixa na infra-estrutura de informação científica? Todo sistema de classificação inclui alguns objetos e consequentemente exclui outros elementos, dá visibilidade para uns e invisibiliza outros. Logicamente falamos de características, de fatores inclusivos e/ou exclusivos, que agem no plano do discurso como passaportes de visibilidade em sistemas de informação. Afastando, por hora, a vasta discussão ética sobre este poder de inclusão e exclusão dos discursos, tecemos alguns comentários no foro político da questão. Em tempos de luta pela ciência aberta, e porque não pelo conhecimento aberto, emancipador, plural e democrático, a que devemos direcionar os holofotes de nossos sistemas de controle da produção científica?

Penso eu, ao invés de enredar listas de referências infindas, que em sua maioria, ao que parece, não remete ao documento de conhecimento, não deveríamos construir portais que documentem o conhecimento produzido? Portais que fluem documentos, registrados, catalogados, classificados, e não referências cruas e frias? A infra-estrutura de informação regula e controla os sujeitos, forma um discurso.

O discurso da visibilidade individualista parece servir bem a uma sociedade puramente de disciplina e controle, é óbvio que controlar, medir e avaliar o indivíduo é bem mais fácil que o coletivo. Bem mais fácil ainda quando o próprio indivíduo se sujeita a produzir informação sobre si. Mas, se quero saber a produção científica brasileira sobre determinado assunto? Seria necessário um catálogo nacional estruturado, ou uma rede de repositórios, onde documentalistas tenham representado a produção científica nacional. Uma classe profissional acostumada, há algum tempo, com temas de classificação, catalogação e indexação de documentos. Melhor ainda seria que essas informações fossem estruturadas na própria instituição em que se produziram, e tratadas por bibliotecários e documentalistas. Dar visibilidade ao documento, divulgar o conhecimento.

O caminho rumo à divulgação do conhecimento, a uma popularização do conhecimento científico, ao serviço de extensão inerente ao ambiente acadêmico perpassa uma política informacional que favoreça o fluxo, a comunicação, o acesso ao documento produzido, e parece estar na contramão do controle individual, de si para si, em função de um "metrismo" possível, também, na via oposta.

Bibliografia sugerida:

ÁLVARES JUNIOR, Laffayete; GONZÁLEZ DE GÓMEZ, Maria Nélida; SOUZA, Rosali Fernandez de. Infra-estrutura de informação: classificações e padronizações como fatores de convergência em gestão de ciência e tecnologia. In: FUJITA, M. S. L.; MARTELETO, R. M.; LARA, M. L. G. de. A dimensão epistemológica da Ciência da Informação e suas interfaces técnicas, políticas e institucionais nos processos de produção, acesso e disseminação da informação. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008. p. 51-66.

FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1998.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: o nascimento da prisão. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1987.

FROHMANN, B. Taking information policy beyond informacion science: applying the actor network theory. In: ANNUAL CONFERENCE OF THE CANADIAN ASSOCIATION FOR INFORMATION SCIENCE, 23, 1995, Edmonton, Alberta. Proceeddings... Alberta, 1995.

GONZÁLEZ DE GÓMEZ, M. N. Novos cenários políticos para a informação. Ciência da Informação, v. 31, n. 1, p. 27-40, jan./abr. 2002.

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