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Topoi, tropos, loci e a teoria da cultura contra o epistemicídio: diálogos com García Gutiérrez


Confira um pouquinho da participação de Tatiana de Almeida (UNIRIO) e Gustavo Saldanha (IBICT/UNIRIO), ambos pesquisadores do Ecce Liber, no GT2 - Organização e Representação do Conhecimento - do ENANCIB 2021.

A pesquisa surge em parte das discussões teóricas levantadas em tese defendida ao fim de 2019 e foi efetivamente impulsionada por um e-mail que recebemos do pesquisador espanhol Antonio García Gutiérrez. A pesquisa tese em questão tratava da relação epistemológico-histórica entre os princípios analíticos da Organização do Conhecimento pela via analítica de Ingetraut Dahlberg e a tradição discursiva, em geral confundida com o pós-estruturalismo do domínio, de Antonio García Gutiérrez. García Gutiérrez escrevia do México, naquele ano (2020), onde se encontrava como pesquisador visitante, nos alertando para os riscos da transliteração e da tradução latina de topoi e tropos, que levavam a questões semânticas.


O pesquisador também apontava suas próprias percepções sobre a elaboração crítico-linguística do saber e do fazer em Organização do Conhecimento. Nos sentindo honrados pelo olhar desse leitor crítico sobre a pesquisa decidimos investigar mais a fundo sua obra, especialmente sua publicação de 2020 – que o próprio nos enviou na referida mensagem - onde o autor traça uma demonstração aplicada de seu pensamento.


E que vocês poderão ler extratos que selecionamos como epígrafes de nossas seções no trabalho completo que ficará disponível nos anais deste evento. Sendo assim, por todo o exposto, nosso estudo tem como objetivo discutir as questões acerca do epistemicídio, a partir do olhar da teoria da cultura e da crítica trazidas por Garcia Gutierrez, assim como estabelecer o devido contraponto entre as noções de topoi, tropos e loci apresentados como impulsionadores da pesquisa. Os topoi, de forma genérica, são “lugares comuns” que as pessoas utilizam como ponto de partida de uma argumentação. Para Gutiérrez, ao lidar com os topoi, isso significa que estamos tratando de “premissas argumentais” que se tornam necessárias na consolidação de diálogos produtivos levando em conta que o ponto de partida favorável parte quase sempre de um lugar-comum. O que nos remonta objetivamente a questão do locus, ou, simplesmente, do espaço.


Nos interessa aqui o que remete para a ideia de fórmula trivial e de amplo consentimento na Organização do Conhecimento, seja isso representada por uma questão social, uma personalidade, uma metodologia ou um assunto. A questão do tropos e da tropologia, como disciplina teórica e aplicada, aponta para as figuras da linguagem. O diálogo entre topoi e tropos na interpretação, e não na tradução, da obra garcia-gutiérreziana nos conduz à abertura de uma teoria crítica da cultura em Organização do Conhecimento – e aqui, já podemos dizer, uma teoria crítico-estética em Organização do Conhecimento pela via do pensamento do pensador espanhol, nos levando até o epistemicídio como ferramenta conceitual do domínio. Desta forma é elaborada a direção discursiva que nos leva ao epistemicídio - ou o extermínio do conhecimento do outro, por Boaventura de Sousa Santos - como categoria e ferramenta teórico-metodológica da Organização do Conhecimento.


O epistemicídio é uma estratégia do paradigma da modernidade, ou paradigma dominante, para manter sob o jugo etnocêntrico os saberes estranhos à episteme europeia. O olhar epistemológico sobre um dado universo de conhecimentos pode ter como base uma reflexão sobre a constituição de um debate teórico de um domínio. As fontes evidenciam a extensão e os modos de repercussão e aplicação da teoria da cultura e da crítica da razão epistemicida. Tudo isso propiciado pelo pensamento de García Gutiérrez, partindo, ainda, da cartografia da Organização do Conhecimento, o que nos leva ao quadro contemporâneo da teoria crítica da Organização do Conhecimento e sua emergência latino-americana, bem como ao reencontro com a tradição filosófica da linguagem, de ordem discursiva, e não lógica, presente na linha epistemológico-histórica de Emanuelle Tesauro. Com suas teorias, García Gutiérrez traz à tona problemas específicos das abordagens socioculturais. Se observarmos a Organização do Conhecimento pelas suas lentes, em relação ao seu caráter cultural, podemos trazer o entendimento de que além de tratar esse universo como uma atividade reflexiva - sobre o conhecimento produzido - também considera que a Organização do Conhecimento deve voltar sua atenção à elaboração de esquemas que implicam a escolha de tipos específicos de análise, de representação e de discursos. O objetivo de todo o projeto de uma teoria da cultura pela via da desclassificação é identificar esquemas de classificação ocultos sob conceitos, categorias e visões fornecidas por sistemas não questionados como cultura ou subsistemas culturais como epistemologia. Desvendar impasses e limites das lógicas tradicionais, especialmente a proscrição da contradição. Reabilitar e proporcionar ferramentas que proporcionem o pensamento livre, a emancipação e a diferença em todas as dimensões classificadas. Por essa razão, a construção da teoria garcía-gutiérreziana entre topoi, loci e tropos funda uma sólida reflexão sobre o epistemicídio em OC, articulando a Retórica clássica, a teoria da cultura e a filosofia da linguagem ordinária.


Vocês podem assistir à apresentação de Tatiana e Gustavo no canal do ENANCIB 2021 no YouTube, nesse link, a partir da minutagem 2:22:00.


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