MARCAS TIPOGRÁFICAS DE EDITORAS CIENTÍFICAS DO SÉCULO XX
Uma das características do século XX foi a chamada explosão informacional, em que houve uma massiva produção e distribuição do impresso. Nesse processo, o aumento da produtividade científica causada por fênomenos como a especialização das ciências, a melhoria dos sistemas educacionais e o consequente aumento de cientistas fez com que as editoras comerciais enxergassem uma oportunidade para expandir seu corpo de publicações na forma de livros e periódicos científicos.
As “marcas comerciais” de impressão acompanham o surgimento da própria imprensa, já que seu uso pode ser visto para designar os trabalhos de impressão de Fust e Schoeffer, responsáveis por dar continuidade à iniciativa de Gutenberg. Para analisar as marcas tipográficas do século XX, o autor apropriou-se do trabalho de Videl (1942 apud VALCÁRCEL, 2006, p. 36-37), que estudou as marcas do século XV ao XIX e as categorizou de quatro formas:
1) marcas geométricas, caracterizadas por um círculo ou dois círculos concêntricos sobre os quais se encontra uma cruz. Pode-se também encontrar um triângulo no lugar do círculo;
2) marcas ou emblemas alegóricos ou simbólicos, que contém elementos como figuras de animais que caracterizam determinados grupos ou alegorias que remetem aos apelidos de impressores;
3) marcas ou emblemas com adornos tipográficos, que não se referem a uma pessoa, oficina ou razão específica;
4) marcas caligráficas, que utilizam o nome do impressor ou suas iniciais em complexos arranjos com adornos caligráficos.
Com essa distinção, o autor realizou um levantamento das editoras científicas mais reconhecidas internacionalmente, em que é possível conhecer em detalhes sua história e, paralelamente a ela, a história de sua marca editorial: Springer, Longman, John Wiley and Sons, Wolters Kluwer, Elsevier, Taylor and Francis Group, Blackwell Publishing, Pergamon Press e Macmillan.
A análise das marcas tipográficas dessas editoras permite realizar algumas observações: as marcas contemporâneas do século XX já não aparecem mais no colofão, pelo menos não exclusivamente, e sim no início da publicação. As marcas também não são mais associadas ao livreiro ou impressor, mas ao editor ou grupo empresarial responsável por editar o documento. Observa-se também a presença das marcas na lombada das publicações, o que as diferenciam das marcas encontradas em obras antigas. Quanto às suas representações, enquanto algumas marcas tipográficas perpetuaram suas formas originais, enquanto outras sofreram modificações e simplificações.
Entre as possibilidades de estudo de marcas tipógraficas contemporâneas, o autor ressalta a questão da publicidade, a forma como determinado produto pode ser percebido da melhor maneira possível pelo público. Os logotipos editoriais próprios do século XX manifestam a necessidade de distinguir e formar a identidade de empresas que visam a competitividade. Essa distinção, por sua vez, pode ser analisada pelo estudo da representação, dos elementos artísticos da marca que buscam transmitir a identidade empresarial de uma maneira visualmente bela e simples, mas de fácil reconhecimento pelo público. Assim, para compreender a historicidade das marcas tipográficas, para além do estudo de suas características e simbologia, o artigo destaca a importância de analisar como estas se relacionam com os aspectos comerciais e artísticos do período em que se inserem.
VALCÁRCEL, J. A. R. Escudos y marcas tipográficas de editoriales científicas del siglo XX. Investigación Bibliotecológica, México, v. 20, n. 40, p. 32-52, jan./jun. 2006.