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Folksonomia e assédio sexual

Sabemos que na contemporaneidade o uso da internet e principalmente das mídias sociais tem ampliado as discussões sobre temas considerados “tabus”, tais como: homofobia, lesbofobia, transfobia, racismo, misoginia, feminismo, entre outros. Esses temas, durante muito tempo e sob diversas proporções, foram invisibilizados pela estrutura social dominante que corresponde, majoritariamente, aos homens heteronormativos brancos.

A partir da perspectiva de que a Ciência da Informação é uma ciência social (LE COADIC, 2004) o estudo destes temas é importante para trazer visibilidade às lutas sociais presentes nas mídias, consideradas também ricos ambientes para trocas informacionais. Para esta discussão, evidenciaremos as questões feministas, especificamente no que se refere ao assédio sexual sofrido pelas mulheres nos espaços de interação social (ciclo familiar, trabalho, locais de estudo, etc.).

Entendemos assédio sexual como uma coerção de caráter sexual, praticada por uma pessoa em posição hierárquica superior em relação a outra pessoa, envolvendo uma situação de poder dominante no sentido de cercear, deixar a vítima sem saída, mesmo que momentaneamente (SOUZA, 2006). Doravante, com base nesta definição, consideramos casos e relatos recentes, via Facebook, com as mais diversificadas hashtags, e nos atemos ao universo discursivo-científico da Ciência da Informação: afinal, em que sua relevância enquanto uma ciência social aplicada pode contribuir para esta discussão?

Tal discussão vem sendo ampliada, mas que ainda é restrita e discriminada em determinados estratos da sociedade brasileira. Para atender a essa especificidade, elencamos a Folksonomia como um conceito que aproxima, dentro da perspectiva da classificação e da indexação, a Biblioteconomia e a Ciência da Informação da interação popular. O agrupamento de assuntos nas mídias sociais e a análise dessas informações podem ampliar os debates acerca do tema e, de certa forma, quebrar paradigmas sociais. Diante disso, assumimos como objetivo geral deste trabalho a avaliação da #hashtag como uma ferramenta para visibilidade de temas de militância de grupos socialmente oprimidos contra casos de assédio sexual relatados na mídia social Facebook.

Escolhemos a #mexeucomumamexeucomtodas por sua recente repercussão e contribuição para a visibilidade que merece o tema assédio sexual no ambiente de trabalho. Destacamos como objetivos específicos: (a) mapear a quantidade de postagens relacionadas à hashtag #mexeucomumamexeucomtodas desde a divulgação da denúncia no quadro #AgoraÉQueSãoElas, da Folha de São Paulo; (b) descrever o gatilho que desencadeou a popularização da hashtag; (c) categorizar as postagens recuperadas e; (d) discutir quanto à utilização das hashtags são importantes para a conscientização e debate contra o assédio sexual.

O percurso da pesquisa demonstra a cartografia das postagens relacionadas à hashtag #mexeucomumamexeucomtodas desde a divulgação da denúncia no quadro #AgoraÉQueSãoElas, da Folha de São Paulo, junto de casos que desencadearam a popularização da hashtag. Os mapas permitem ainda a categorização das postagens, conduzindo-nos à compreensão do papel da militância via a experiência das hashtags no discurso contemporâneo dos fluxos informacionais.

Referência

ROMEIRO, Nathália; SILVA, Franciéle Carneiro Garcês da. A folksonomia das hashtags como instrumentos de militância contra o assédio sexual no Facebook: avaliação da hashtag #mexeucomumamexeucomtodas. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, online first, 2018.

Outras fontes

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