Entre o Organon e a Retórica...
Encruzilhadas da organização do conhecimento...
Na discussão metametodológica da Organização do Conhecimento (OC), uma dupla via metodológica se anuncia: uma direção analítico-conceitual, outra discursiva. Ambas têm um solo epistemológico comum: Aristóteles (“um” Aristóteles do Organon, “outro” da Retórica).
Porém, pelas lentes da OC, as duas vias estão igualmente fundadas no campo informacional. Elas partem de experimentos já apontados por diferentes teóricos. Porém, reconhecemos a hegemonia do plano de aplicação e de teste da primeira abordagem, principalmente a partir da expressão do pensamento de Ingetraud Dahlberg.
Na via discursiva, reconhecemos já existência de uma frente de trabalhos contemporâneos, principalmente envolvidos com a aproximação entre a análise do discurso e as teorias da OC. Em geral, a noção de indexação social tende abarcar essas abordagens. Em nosso caso, trata-se de recuperar o pensamento retórico dos tropos e repensar a apropriação da noção de lugares-comuns em um plano crítico-discursivo amplo. Atentamos, porém, para o ponto de vista epistemológico-histórico de Emanuelle Tesauro, já influenciado pela visão aristotélica, bem como em abordagens epistemológicas atuais, como antevistas em Rafael Capurro e García Gutiérrez.
Ambas as vias atendem adequadamente a um objetivo central do estudo: uma experiência metametodológico no âmbito da OC. Dois caminhos, pois, foram aqui trilhados e seguem seu curso. O primeiro representa a construção de uma reflexão sobre as próprias abordagens teórico-metodológicas da OC. O segundo aponta para a capacidade de adoção dos próprios pressupostos teóricos e das próprias ferramentas metodológicas da OC para refletir a própria configuração epistemológica do que hoje tratamos como “organização do conhecimento”.
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