Oficina "Mineração de Dados" no Enancib 2023 (Aracaju - SE)
O Ecce Liber oferta a oficina pública e gratuita “MINERAÇÃO DE DADOS”: OFICINA DE DECOLONIALIDADE ANTI-EPISTEMICIDA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO A PARTIR DO CONGO.
Como aponta Joseph Cimbalanga Mulamba (2014), em todos os momentos, de uma forma geral, o setor de mineração é sempre apresentado como uma alavanca privilegiada para o crescimento e a redução da pobreza pelas instituições financeiras internacionais. Existe essencialmente literatura histórica e econômica sobre este tema, o que demonstra a importância da economia mineira na estruturação das sociedades modernas. Poder, política e economia se envolvem, pois, com a constituição de um modo de colonizar e de massacrar via uma mineração de dados que entrecruza o papel crítico-bibliográfico e a extração de minerais metarrepresentada nos instrumentos de organização do conhecimento. Uma bibliografia econômico-política se enuncia aqui como forma de produzir e de questionar os processos de opressão e de extermínio dos saberes.
O objetivo da oficina é exercitar a prática filosófica da epistemologia histórica anti-epistemicida da decolonialidade a partir das fontes especializadas do conhecimento de África sobre África, centralmente via a corrente epistemológica decolonial de Joseph Cimbalanga Mulamba Tambwe Kitenge, Jean-Pierre Manuana-Nseka e Bob Bobutaka Bateko. A atividade é fruto do TriviumLab – Laboratório de Transgramáticas do Grupo de Pesquisa Ecce Liber. O corpus bibliográfico sociopedagógico do curso de curta duração é constituído via os dados recuperados nos Fundos Meyriat (Toulouse – França) e Fundo Estivals (Noyers-sur-Serein). O debate deste olhar sobre as escolas econômico-políticas epistemológicas africanas visa levar às pessoas estudantes à reflexão crítica acerca da estrutura epistemológico-epistemicida, entre a mineração e a escrita, que sustentou a própria criação o discurso materializado da Ciência da Informação no século XIX e no século XX, a partir do processo colonizador e das práticas de massacre, de saque, de extermínio dos saberes.
O curso de curta duração procura estabelecer, via os módulos a seguir, a tópica do itinerário crítico da prática epistemicida à práxis emancipatória do olhar anti-epistemicida para a reflexão sobre os estudos de fundamentação da Ciência da Informação.
No princípio
Oração à Al Kalkashandi
Visita aos tradutores da Física do Estagirita na teoria do conhecimento de África
As bibliotecas itinerantes do Sahel: as caravanas do Saara entre o Mar Vermelho e Atlântico Sul
Da ponta do Rio Congo ao coração de J. Robert Oppenheimer: o urânio bibliografado de 1876 à bomba atômica
Bibliografia econômico-política: de Gabriel Naudé a Cimbalanga Mulamba
Decolonialidade a partir de África
Escolas epistemológicas de África
Epistemicídio: prática e reuso
Bélgica e o zoológico de gente
“A Bélgica precisa de uma colônia”: o sonho do Duque de Brabant
A mineração de dados (tráfico, sangue e ouro) a partir do Congo
Dentro da mina do epistemicídio: bibliografia da mineração e poder
Sangue, ouro, cobre, diamante, zinco, estanho, zinco, urânio e o traço
O enclave 1876: uma coroação da colonialidade
CDD
Exposição internacional
Cartas do Atlântico Norte
A Bélgica declara amor ao colonianismo
Criador e criatura: a Liga das Nações (1919) entre o Projeto Manhattam e a Declaração dos Direitos Humanos (1948)
A trindade epistemicida da invenção da Modernidade
Conrad Gesner e as grandes navegações
Gabriel Naudé e a bibliografia política do Príncipe
Encyclopédie, ou dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers e Espírito das Trevas na Revolução industrial
O discurso civilizatório de 1919
Paul Otlet por um mundo sem guerras
Quem criou quem: a constituição econômico-política congolesa da Unesco e a formação da Ciência da Informação em África e no Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) no Brasil – a rota do capital
A outra travessia do Rio Congo ao Atlântico Sul
Outras epistemologias históricas impossíveis
O conceito de impossível
O devir-brasil
O devir brasiláfrica
A esquematologia aberta da economia política da bibliografia geológica
O oceano dos signos na polis epistemicida
A Escala de Iconicidade de Abraham Moles
Decolonizar é desfiar bibliografias
De Diderot a Oppenheimer
A forma política da bibliografia como a forma
Epistemicídio: método e resultado
A práxis refiandeira – trançagem nagô americanista (da Suméria ao Brooklin)
A mineração de dados e a invenção da Ciência da Informação em 1876: de volta às comemorações do epistemicídio

Bibliografia básica do curso
ABDELHAMID, Arab. La recherche bibliologique en Algérie sous le Régime colonial français. Revue de Bibliologie: Schéma et Schématisation, Paris, n. 80, p. p. 35-50, 2014
BEN, Jorge. A tábua de esmeralda. Rio de Janeiro: Philips Records, 1974. 1 disco. (38:09 min.).
BOBUTAKA BATEKO, Bob. La bibliologie à l’Institut Supérieur de Statistique de Kinshasa. Revue de Bibliologie: Schéma et Schématisation, Paris, n. 80, p. 137-154, 2014.
CIMBALANGA MULAMBA, Joseph. La bibliographie géologique et minière du Congo belge de 1885 à 1960 : un instrument d’information et de communication pour les puissances coloniales européennes. Revue de Bibliologie: Schéma et Schématisation, Paris, n. 80, p. 155-170, 2014.
HADO ZIDOUEMBA, Dominique. La politique du livre et de la lecture au Sénégal (1960-1990). Revue de Bibliologie: Schéma et Schématisation, Paris, n. 80, p. 95-113, 2014.
MAMANS DU CONGO. Les Mamans du Congo & RROBIN – Nkala. Lyon: Jarring Effects, 2020. 1 disco. 33:10 min.
BEN, Jorge. A tábua de esmeralda. Rio de Janeiro: Philips Records, 1974. 1 disco. (38:09 min.).
MANO A MANO. Mano Brown e Gilberto Gil.
MANUANA-NSEKA, Jean-Pierre. Les tendances de l’école congolaise en bibliologie. Revue de Bibliologie: Schéma et Schématisation, Paris, n. 80, p. 131-135, 2014.
MASIKINI, Aboumba; MASIKINI, Abeti. Festival Kinshasa 1974. 1 Vídeo. Kinshasa, 1974
OPPENHEIMER. Direção Christopher Nolan. Londres: Syncopy Inc. e Atlas Entertainment, 2023. 1 DVD 180 min., son., color.
RABAH, Allahoum. L’enseignement de la Bibliothéconomie à L’université D’alger 2 Quelle formation? Pour quel métier? Revue de Bibliologie: Schéma et Schématisation, Paris, n. 81, p. 63- 78, 2015.
TAMBWE KITENGE, Eddie. Le système éducatif comme élément de reproduction du modèle colonial: cas du Congo belge. Revue de Bibliologie: Schéma et Schématisation, Paris, n. 81, p. 81-99, 2015.
TAMBWE KITENGE, Eddie. Une école bibliologique en RD Congo ? Interrogations critiques et méthodologiques sur une (possible) existence d’une « école » congolaise. Revue de Bibliologie: Schéma et Schématisation, Paris, n. 80, p. 117-130, 2014.
Comments